Propus trazer, para este espaço, breves informações sobre leituras recentes pelas quais tenho me dedicado. Os poucos (mas atentos!) leitores do blog certamente já perceberam esse modus operante, haja vista que algumas das últimas postagens estão diretamente relacionadas a títulos que facilmente são encontrados nas estantes de quem encontra prazer na literatura. Espero, assim, tornar isso aqui um pouco mais sério, senão atrativo, enquanto continuo na eterna busca pela identidade do blog.
Pois bem, realizadas as (des)necessárias explicações iniciais, vamos ao que interessa sobre Esaú & Jacó, uma das mais clássicas obras do maior escritor do Brasil, quiçá do mundo, Joaquim Maria Machado de Assis.
Para começar, cabe dizer que o livro não remete aos primórdios da música sertaneja no Brasil. Se o título soa familiar é porque faz alusão à passagem bíblica encontrada no livro do Gênesis, a qual retrata a inimizade e reconciliação dos filhos gêmeos de Isaque e Rebeca. No entanto, o enredo está centrado na vida dos irmãos Pedro e Paulo e é narrado pelo diplomático conselheiro José da Costa Marcondes Aires – personagem também encontrado na obra Memorial de Aires, de 1908. A história se passa no Rio de Janeiro, em época de transição política da Monarquia para a República.
Os protagonistas Pedro e Paulo são figuras completamente opostas. Diferentemente do que prega a lei da atração, conflitam-se desde útero materno e, mais tarde, estendem suas diferenças para outras esferas sociais, como a política, por exemplo. Diferenciam-se, também, em seus temperamentos e interesses pessoais e acadêmicos: Pedro está para a dissimulação e cautela, enquanto que Paulo para o arrojo e impetuosidade. O primeiro busca as leis do Direito; o segundo, a ciência da Medicina.
Porém, no meio de tantas diferenças, é possível encontrar dois pontos comuns entre os irmãos: o amor pela mãe, Natividade, e a paixão por Flora. E, por elas, a reconciliação de Pedro e Paulo acontece duas vezes, em situações semelhantes, mas que não me dá o direito de simplesmente contar aqui.
Esaú & Jacó representa uma parte das incontáveis famílias que, até hoje, continuam suas atividades parlamentares no Brasil. E olha que o texto foi escrito no século passado.
26/jul-2014