Dizem as boas línguas que os haicais tem origem japonesa. De fato, a fonética do nome seria um indício do que se confirma pela forma: sucinto, curto, lacônico, conciso e objetivo, algo que realmente só poderia vir da terra do sol nascente. Dizem, ainda, que não há tradução para a palavra, a não ser pelo caráter emotivo e imagético que os versos apresentam.
Neste cenário o curitibano Paulo Leminski ainda é o maior representante do Paraná, quiça do Brasil. Estudioso da língua e cultura japonesa, publicou em 1983 uma biografia de Bashô, o poeta mais famoso do período Edo no Japão.
duas folhas na sandália
o outono
também quer andar
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verde a árvore caída
vira amarelo
a última vez na vida
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as folhas tantas
o outono
nem sabe a quantas
Coincidentemente, os três haicais escolhidos acima são sobre árvores e folhas. Parece que esta prática espiritual ou terapêutica (se assim é possível renomeá-la) está intimamente ligada à lógica do universo para os japoneses, o movimento de ir e vir, o nascer e morrer, a sístole e a diástole do coração.
23/janeiro-2013
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