Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado-brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
Acima, a bagagem de Adélia Prado remete à casa dos meus sonhos. Àquela, que extrapola a definição calcada nos limites da construção civil de que, uma casa, nada mais é do que a união de algumas paredes cuja função é constituir-se como espaço de moradia para um ou mais indivíduos.
Ela, a casa dos meus sonhos, reside hoje em meu horizonte e meu horizonte nela reside. À medida que caminho ao seu encontro ela se afasta lentamente, feito lembranças latentes de nossas criptas e misteriosas experiências que ora vem e ora vão. Lá, balões de amor flutuam pelos cômodos e as portas estão fechadas para a solidão.
Eu ainda não quis pintar a casa dos meus sonhos de alaranjado-brilhante. Mas a ilusão diária de vê-la brotar de um sol já posto, e que amanhece, também me permite chamá-la de a casa do sol nascente.
11/fevereiro-2014