Sempre que preciso escrever, travo. E é por isso que me dou ao luxo de vir aqui somente quando não sou obrigado a fazê-lo (coisas de neuróticos, não liguem). Esta precisão está muito mais ligada à necessidade, à obrigação e à pressão do que propriamente a excelência ou a perfeição. É que quando se tem que fazer apenas por fazer, sabe como é...
Melhor deixar que as coisas fluam naturalmente. Pode ser que o produto não tenha a mesma qualidade daquele que foi preparado, pesquisado, planejado e executado rigorosamente, mas ao menos no final parecerá mais verdadeiro - e vez ou outra faz bem ser justo com você mesmo.
Saber sobre seu processo criativo/produtivo é o primeiro passo para colocá-lo a prova. Lembro-me de uma atividade que a professora do curso de História pediu que fizéssemos em sala de aula, no melhor estilo cara, coragem e tinta de caneta (sim, naquela época ainda existiam canetas). Pedi a ela que me liberasse para executá-la no laboratório de informática, mas não porque necessariamente usaria dos computadores (nem eram tão bons assim, universidade pública, linux...), mas porque necessitava, sim, de silêncio. Um silêncio preciso, urgente e perfeito.
Pode ser que eu não tenha me comunicado como deveria. Pode ser que tenha imperado a lógica de uma sociedade funcional. O fato é que meu pedido foi negado e ela recebeu apenas uma rosa, quando poderia ter recebido um jardim.
Calvin & Haroldo, do Bill Watterson