quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

promessa é dívida

Que tipo de promessa você faria no ano novo?

(i) correr um circuito de 10 km sem apelar a substâncias de procedência duvidosa e, principalmente, sem morrer nas duas horas seguintes ao encerramento da prova (depois desse período não tem problema). 

(ii) ler ao menos 03 livros no mês - o que é perfeitamente possível se considerarmos que, em média, os livros possuem 250 páginas e devorar 40 delas por dia nem é tão pesado assim.

(iii) encontrar tempo para concluir minha especialização e para plantar uma árvore, preferencialmente frutífera (esta última remanescente de 2015).

(iv) pensar menos.

(v) sorrir mais.

Do Liniers. Clique para ampliar.

Feliz 2016!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

poema de natal


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,

Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

eu voltei agora pra ficar

Dois meses depois de sofrer um estiramento muscular na face posterior da coxa direita, que me fez dar muito mais valor aos músculos IQT, estou de volta. E quem já passou por isso certamente entenderá minha felicidade: não há nada mais libertador do que poder amarrar seu cadarço sozinho, sem dor, ou subir ao segundo piso do shopping por uma escada convencional!

A aproximadamente 2/3 cm da superfície subcutânea imagens de duas áreas nodulares que medem 7,2 x 3,7 x 5,0 com localização alta e central, região de músculos semitendíneo/adultor magno. A outra mais baixa e central mede 6,3 x 3,1 x 3,6 cm; com a mesma profundidade, possivelmente em região de músculos semitendíneo/cabeça longa do bíceps da coxa.
As lesões musculares na coxa são muito comuns em praticantes de esportes de arranque, como futebol, tênis, basquete, etc, e geralmente distribuem-se em estiramentos, rupturas parciais ou completas. Se tratando de um atleta de fim de semana, como eu, o risco é ainda maior, mesmo porque nós, peladeiros, tendemos ao mau condicionamento e a fadiga muscular.

Crise superada, respiração aliviada. Aos adversários do foro das terças, como diria o velho lobo Zagallo, deixo aqui o meu recado:

“vocês vão ter que me engolir!” 

pink freud flintstone


O homem é dono do que cala e escravo do que fala. 
Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.

(Sigmund Freud)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

as intermitências da morte

Pensa por ex. mais na morte, - & seria estranho em verdade que não tivesse de conhecer por esse fato novas representações, novos âmbitos da linguagem. (Wittgenstein)

Eu não me recordo da última conversa que tive com minha mãe. Mas lembro-me de que, numa das últimas vezes em que jantamos juntos, ela contou de um pesadelo sobre sua morte e do desespero por nos ver sofrer, lá de cima, sem nada que pudesse fazer a respeito. Lembro-me do silêncio na mesa e da troca de olhares, seguidos de uma repentina mudança de assunto introduzida pela clássica frase “que bobeira, falemos de coisas boas”. E foi assim. Dias depois, era eu quem me desesperava com a realidade no primeiro horário da manhã. 

O esforço para reconstruir estas memórias vem acompanhado de uma pincelada de remorso. Quisera eu poder ouvir novamente as últimas palavras por ela a mim dirigidas. Diminuiria um pouquinho a saudade e me ajudaria a conservar a esperança que carrego de nunca esquecer sua voz. Além do mais, se assim fosse possível, aproveitaria eu para gravar a conversa nos áudios, burlando minha agenda de contatos para não precisar ter que excluir a palavra “mãe” do meu telefone. Então, bastar-me-ia um toque para que no outro lado da linha alguém me respondesse: “alô, filho?”.

Quero acreditar que tenhamos encerrado nossa última conversa com palavras de cuidado um para com o outro. Ficaria aliviado por saber que hoje (03), dia de seu aniversário, ela estaria menos desesperada por perceber, lá de cima, que tenho (e temos) buscado me (e nos) cuidar cada vez mais nos últimos dois anos, como ela sempre aconselhou. Certamente seria o seu maior presente. 

Oxalá ainda estejamos a tempo de salvar quem amamos. 

03/dez-2015