domingo, 5 de maio de 2013

clássico é clássico e vice-versa

A tentativa frustrada de descrever o espírito que envolve atletas e torcedores quando duas equipes rivais se enfrentam fez de Jardel o autor do maior pleonasmo contido nas entrevistas do futebol brasileiro: “Clássico é clássico e vice-versa”. 

Pois é. Coincidentemente era dia de clássico na pacata cidade de Ticuriba, capital do Estado do Napará, e alguns torcedores uniformizados resolveram inovar na produção irônica de refrães. Em tom de pilhéria e liderados pelo macho alfa, na volta pra casa após o jogo, fizeram do fundo do circular outra vez parque de diversões e laboratório de pesquisa aos cientistas à paisana: 

Sobre anatomia/fisiologia e libido:
“O Tico não tem pipi / ele mija sentado / quando vê outro homem / ele fica excitado!” 

Sobre merchandising e orientação sexual:
“Tico, Tico, Tico, esse tubão é tampico!” 

Sobre geografia e religião:
"Pula sai do chão / a galera do Portão / essa turma é luz / da galera de Jesus!"

Todos cantavam, mas poucos saberiam dizer o resultado final da partida. Isso porque ainda prevalecia internalizada no grupo uma concepção da relação espaço público x privado que se contrapunha ao desejo visível dos demais passageiros ao redor: o desejo sincero de que a expressão “torcida organizada” se tornasse, um dia, apenas mais um bom exemplo de pleonasmo.

05/maio-2013

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