terça-feira, 26 de setembro de 2023

palavra


palavra minha tem alvo
se o acerto
a salvo
se o erro não

palavra minha tem alma
ponto
efeito
calma
reticências de indecisão

[eu por eu, Angelo Horst]

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

my cats

Bukowski (1920-1994)

I know. I know.
they are limited, have different
needs and
concerns.

but I watch and learn from them.
I like the little they know,
which is so
much.

they complain but never
worry,
they walk with a surprising dignity.
they sleep with a direct simplicity that
humans just can’t
understand.

their eyes are more
beautiful than our eyes.
and they can sleep 20 hours
a day
without
hesitation or
remorse.

when I am feeling
low
all I have to do is
watch my cats
and my
courage returns.

I study these
creatures.

they are my
teachers.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

a pergunta

E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?
.
Almeida Garrett (1799-1854)
 

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

quinta-feira, 18 de maio de 2017

feliz 1984!

O Partido dominava a mídia pelo trabalho ininterrupto do Ministério da Verdade. O enredo da História era reescrito sistematicamente pelos camaradas, incumbidos do controle da informação e de alterações nas verdades dos fatos. A ordem refletida na teletela (e internalizada pela novafala) era criar a ilusão de um poder absoluto.

Até quando, numa noite de maio, padecera o Grande Irmão - e a olho nu. O futuro, enfim, era dos proletas! 

sábado, 13 de maio de 2017

vida nua



Nu II, de José Cardoso



Pelas lentes fotográficas do sentido, ela, a vida, estava nua. Era dele agora a liberdade.

12-mai/17





Não faz muito tempo empreendi, num dia de verão, uma caminhada através de campos sorridentes na companhia de um amigo taciturno e de um poeta jovem mas já famoso. O poeta admirava a beleza do cenário à nossa volta, mas não extraía disso qualquer alegria. Perturbava-o o pensamento de que toda aquela beleza estava fadada à extinção, de que desapareceria quando sobreviesse o inverno, como toda a beleza humana e toda a beleza e esplendor que os homens criaram ou poderão criar. Tudo aquilo que, em outra circunstância, ele teria amado e admirado, pareceu-lhe despojado de seu valor por estar fadado à transitoriedade.

(Freud, 1915/1916)